sábado, 30 de junho de 2012

Medo de ter medo

Eu tenho medo de que algo bom aconteça na minha vida e inevitavelmente acabe perdendo isso.  E então o quanto menos eu viver, mais "segura" fico. A maneira mais confortável que encontrei para evitar o sofrimento é vivê-lo em sua plenitude.

Sensação Pertubada

Eu realmente acredito que esteja tentando fazer diferente, estou quase me obrigando a sair de casa. Mas o sábado chega cheio de sensações destrutivas, minha vontade é abraça-las. Não quero ir pra faculdade hoje, assim como não estava com vontade de sair ontem, mas me obriguei e tive uma noite muito boa com gente muito bacana; Mas ainda há uma barreira quanto a faculdade. Isso aqui está parecendo a merda de um diário cacete! Necessito registrar meus pensamentos e sensações para tardiamente analisá-las e superá-las, há uma necessidade enorme de falar sobre isso. Hoje parei pra pensar por uns segundos no que eu realmente queria fazer e cheguei a uma resposta idiota,mas, satisfatória. Queria mesmo é pintar meu cabelo de azul, sentar numa praça e fumar meu cigarro de menta com algumas pessoas jogar papo fora e me desligar do mundo. Talvez, apenas esteja precisando de férias ou fazer alguma coisa que eu realmente queira fazer.  Tenho até um churrasco pra ir hoje, talvez eu até vá, mas, só de pensar em ter que me arrumar já desisto da ideia, não estou com vontade de cuidar de mim hoje estou muito fuck the system e queria me permitir a sentir isso. Talvez eu vá para uma praça e pinte meu cabelo de azul mas sei que não seria tão proveitoso quanto ir a faculdade ou a um churrasco com os amigos, estou com vontade de isolar mas mesmo assim vivenciar o mundo. Essas minhas dualidades disputam entre si e acabo com vontade de não fazer nada, termino dormindo o dia inteiro em casa, acessando o facebook e com vontade de sumir...

domingo, 24 de junho de 2012

Sobre ter que ser alguma coisa...

Eu não entendo.

Acredito ter sido mais adulta quando criança do que sou agora.

Você tem que ser forte.

Uma frase dita repetidamente que penetrou carne adentro, era o que esperavam de mim e foi a postura que adquiri com apenas 11 anos de idade. Não me lembro de me fixar em mais nada, nem mesmo na dor da perda recente, eu tinha que ser forte. Com o tempo acredito que esse comportamento tenha se tornado padrão, adquiri a necessidade de ser sempre o que esperavam de mim, mas, passado tantas adversidades tomei consciência de mim mesma e mesmo estando bem com isso, não pude mais conciliar os outros e eu mesma, então, uma guerra interminável começou. Meu pavor por mudanças fez de mim uma viciada em se adaptar, à pessoas e a situações. O meu maior erro foi premeditar pessoas e situações que existem somente na minha mente, porque eu sempre espero o pior, uma crítica, uma pancada. Viver na expectativa de sentir dor é sentir dor constantemente, viver na esperança de morrer é estar morto.

O que me faz repetir determinados padrões? Por que eu não consigo controlar minha própria mente?

Talvez, por acreditar que tudo é incontrolável, mesmo que agora esteja tudo bem eu sei que daqui a pouco pode não estar. E eu vigio. Fico alerta esperando o inevitável. Fico tão alerta ao inesperado que perco o presente, que revivo o passado e não consigo delinear um futuro.

 Já venci guerras piores.

Mas não há nada pior do que sempre esperar pela próxima guerra, é como viver uma guerra sem fim sem ao menos haver guerra alguma.

Tinha um ponto no meio do caminho

Quando eu escrevo me livro de regras sejam quais forem, até mesmo as chatinhas da gramática. Escrever é libertar as pequenas incoerências, vomitar o que faz mal ao âmago, mas, também é uma prisão, um destino, um fardo.

O que me eleva também é a minha própria maldição.

Escrever, o que jamais será lido ou compreendido da maneira correta. Tudo que sai de dentro não é somente palavra, para ler bem um texto devemos senti-lo. Sentir com a sensibilidade do autor, que já não tem mais o mesmo significado por não ser a mesma. Então, fingimos uma sensibilidade que não é nossa e nem de outrem e é nesse representar que definimos um bom escritor ou até mesmo um péssimo leitor e tiramos precipitadas conclusões de algo que não é.

Tinha uma pedra no meio do caminho.




quinta-feira, 14 de junho de 2012

Deus segundo Baruch Spinoza



Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí, é onde eu vivo e aí, expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar por tua vida miserável: eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho..., não me encontrarás em nenhum livro!

Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho? Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar.

Se eu te fiz, eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se eu sou quem te fez?

Crês que eu poderia criar um lugar para queimar todos os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o única coisa que há aqui e agora, e a única que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse, como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado a oportunidade que te dei.

E se houver, tem certeza que eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste?... O que aprendeste?...

Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes especial, apreciado?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas.

Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... Aí é que estou, batendo dentro de ti.

Baruch Spinoza.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Deus é sentir um mistério a despertar

   Sofro guerras interiores devastadoras, que me deixam a deriva meio perdida, meio encontrada. Mas só pq há uma batalha em mim não quer dizer que deixei de acreditar... Eu só acho que tem muita coisa boa que serve pras outras pessoas que pra mim é lixo, pois bem, a roupa que te serve não me serve. Com todo respeito e despeito ... Viva a Liberdade de expressão.

   Em vez de ficar procurando explicações e formulas por minha vida estar assim ou assado, embora o autoconhecimento seja relevante. Me dou melhor à deriva, na expectativa do mistério, na ressaca da maré. Pois Deus olha pelos bêbados e os distraídos. E quando eu digo Deus, não é esse cara massante e sem graça que ficam pregando por ai... Contando as pessoas que dizem seu santo nome em vão. Tanto que quando penso em Deus, não gosto nem de utilizar esse termo tão paradigmático. Prefiro me render aos mistérios do Universo, que fluem sem censura, que nada mais é que Deus. Que me permite ser o que sou por me conhecer profundamente e já que me conhece tão bem por que diabos iria me condenar ou censurar por algum comportamento ou pensamento que não condiga com os padrões estabelecidos pela sociedade. Acalenta-me as loucuras da alma, as alegrias do coração e as fraquezas da carne, que são apenas o que são por eu ser o que sou. Um rascunho de mim mesma perante o desconhecido.

   O desconhecido me liberta, me permite e criativa-se em mim. Então sei que deve-se ser bom por sentir um mistério a despertar.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ser alguma coisa...

Hoje acordei incrivelmente sem sabor, lasquei um halls preto na boca esperando que isso me fizesse sentir.

Acendi um cigarro sem gosto do meu mau gosto, talvez, pra me sentir fumante e assim me sentir ser alguma coisa. Sei que esse dessabor é passageiro, e busco o entusiasmo que perdi em algum canto empoeirado aqui de casa, só encontro pó. Entendo muita coisa que se passa, mas, é justamente o que me impaca que me oculta, me reprimi.

Há pouco tempo o sorriso das crianças tinham um efeito sobre mim, simplesmente esquecia dos problemas e de minha preocupações, lembro-me de um tempo que possuía consciência crítica sobre mim mesma e minha vida, hoje só levo em mente preocupações. Preciso de um resgate, pela escrita, pelo sentir-se viva, quero ferro e fogo, brasa e gelo. Preciso de um tempo do tempo. Embarcar em uma viagem sem rumo, entre tempo e espaço, fantasia e realidade. Sinto falta da escrita, do aplauso, do raciocínio coerente.

Das estrelas sob meu céu, guiando-me ao brilhar.

Ao caminho desconhecido que me é tão familiar.

Preciso dos mistérios do Universo que nada mais é o mistério que habita em mim.

Flor de Lótus e Bayron


    Flor de lótus amava Bayron, amava tanto que doía. Tudo era tão distante e frio. Ele na vida dele e ela na vida dela. Nunca se viam, mas Flor de lótus não esquecia. Bayron estava muito ocupado vivendo a vida dele, mas quando ela o visitava ele sorria.

    Bayron nunca foi amado, ou pensava que nunca tinha sido, estava ocupado demais vivendo e fugindo de si mesmo. Flór de lótus arranjou-se na vida, mas tudo era tão difícil, se perguntava inconstantemente e se tivesse Bayron como teria sido?

    O dia-a-dia, as falsas premissas de amores... Nada era profundo, mas Bayron era enigmático não era igual a todo mundo. Flor de lótus queria independência queria estar livre de todo o fardo, queria viver sua própria vida, queria desabrochar em seu próprio vaso. Mas essa flor nunca se abriu está amarrada com o que esperam dela, com o que ela deve ser e fazer, pois é isso a coisa mais certa a fazer. Talvez, fiquem juntos numa realidade alternativa onde Flor de lótus possa ser bela e exibir-se e onde Byron possa se sentir completo. Mas agora cabe ao destino separá-los e a vida endurece-los. A modernidade formará cidadãos de coração de pedra amarrados em suas rotinas e deveres, onde os sonhos são o combustível utópico que os move, nunca serão realizados, mas, são necessários para manter o sistema.

O Sistema os consome.
Ana Raquel