sábado, 15 de outubro de 2016

Tic... Tac...

Todos nós de alguma maneira acabamos nos deparando com as trevas, mas, a maneira que reagimos, aderindo, lutando ou sentindo-se confortável com ela é que nos define. Afinal, não há trevas onde não possa haver luz, nem luz que não possa se extinguir.

                O equilíbrio destas forças em nós é essencial para que não nos percamos. Somos o que sintonizamos, o que privilegiamos. Como está sua balança de privilégios agora? Ego acima de empatia? Dinheiro acima da verdade? Omissão e submissão acima de moral e valor?

                A balança nunca para, lutando sempre contra nossas tendências e escolhas para equilibrar-se e manter-nos sãos. Aonde está a sua sanidade agora?

                Por que luta para não ter um momento de reflexão, por que teme olhar para sua balança? Por que prefere agir cegamente propositalmente para não ter que encarar o caminho pelo o qual suas escolhas estão lhe guiando?

                Medo de ver o essencial, mas, abraçar o superficial e o confortável sentimento egoísta, onde só há você mesmo e suas falsas necessidades e nada é verdadeiro, não há equilíbrio, apenas satisfação momentânea do próprio ego.

                Há trevas em mim, eu a abraço, acolho e reconheço. Mas, também há luz e minha balança interior está sempre lutando, me guiando e alertando. Todos temos sentimentos egoístas, uns de menos outros de mais. É essa oscilação, esse nível, que as vezes foge de nossa percepção. Até aonde posso defender meus interesses empaticamente? E até aonde meus interesses são mais importantes, maiores e melhores do que qualquer outra pessoas e/ou situação?

                Quando passamos a considerar as pessoas apenas como meio de obter o que desejamos sem considerar sua humanidade, estamos sendo egoístas, mesquinhos, cegos e gerando dor.

                Quando nos propomos a ser egoístas por autodefesa, por saber que ao nos submetermos a determinadas pessoas e/ou situações, estaremos traindo a nós mesmos, ou nos prejudicando, estamos exercendo o auto amor.

                É uma linha tênue e se você não analisa a sua balança, pode acabar tendo a ideia errada sobre suas ações. Porque temos uma enorme tendência de sempre acharmos que somos perfeitos e nunca erramos e que são só os outros que erram.

                Dói, admitir que errou, é uma flechada no ego super inflado.

                Mas, para aquele que erra e reconhece é como o decolar suave de uma borboleta.

                Ter coragem de admitir “ Sim, realmente fiz isso. ”, “Sim, não foi legal da minha parte. ”, “Agi errado e falei merda.”. É extremamente desafiador e quase impossível quando a sua balança está negligenciada.

                Quando você não consegue desconectar com a rotina e suas prioridades, para poder ter um momento de silêncio, de introspecção, olhar para dentro, de sintonizar-se com sua consciência (Disse consciência e não ego). Praticamente, vive-se um gatilho de fuga, de não se encarar, de não aceitar suas falhas e deslizes.

                Você acaba se tornando aquela pessoa que faz de tudo para aparentar “feliz”, que vive em constante desarmonia e atrito com as pessoas e com o mundo. Quando na verdade está apenas fugindo da própria batalha interior, porque você diz para si mesmo que olhar para dentro é desperdício e principalmente para poder manter a imagem que você fabricou de si mesmo. É bem mais fácil acusar o outro, supor e prejulgar, do que realmente encarar os fatos, analisar situações com empatia, e considerar sentimentos alheios.

                O que te faz achar que é mais importante ou menos importante que as outras pessoas?

                Por que você tem que ser o “exclusivo” ou o “excluído”?

                O que sua balança está dizendo agora?

                Você está perdido em trevas ou cego pela luz?

                O equilíbrio é a chave porque lidamos com toda a merda do mundo e de nós mesmo o tempo inteiro, mas, também lidamos com tesouros e preciosidades.

                O desequilíbrio faz com que façamos confusão com as duas coisas.

                E a gente acaba fazendo ou aceitando tanta merda, por achar que estamos lapidando diamantes.

                Auto amor é saber quando e quanto se doar, e quando e quanto se poupar.

                A vida é uma troca, um ciclo. Ser caridoso não é ser complacente. Amar nem sempre é ceder, quando esse ceder torna-se imoral, autodestrutivo e anarquista.

                Ignorando ou não nossa balança interior existe, e em algum momento todos teremos que olhar para ela, a vida e as situações irão cobrar reagir às suas escolhas e atitudes.

E se mesmo assim sua balança continuar ignorada e pesada, se arrastando e em alerta vermelho até o momento final, você terá que lidar com o resultado essa balança chamada consciência.
           
           Não se pode fugir de si mesmo, e de todas as ações e situações que você mesmo escolheu e/ou criou. Porque desde o momento em que se planta algo, inevitavelmente acabará colhendo o que se plantou, será que você tem plantado mais luz que trevas? Ou trevas que luz? Como será sua colheita final? Como será quando você perceber que não é só você que depende e é afetado por essa colheita? Qual será o peso dela para você?

                Qual o custo do seu ego, qual o dano? O que você valorizou de mais ou de menos? Até aonde sua percepção de verdade não foi enuviada pelo ego?

                Tic... Tac...

                ... a sua hora chegou,


                ... e agora?