segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Que olhos são esses que olham?

                Eu poderia ter me tornado uma grande empresária, feito uma faculdade "decente",  ser bem estimada do ponto de vista profissional, ter um bom "status", ter amizades influentes e ganhar muito mas, muito dinheiro.  Eram apenas quinze dias longe de casa, eu deveria estar totalmente feliz e despreocupada por conseguir passar um tempo com o lado mais distante da família, mas,  pelo contrário me sentia altamente desestimulada ao ouvir as palavras indóceis dos lábios secos de minha avó - Eu esperava mais de você! Pensei, que você fosse inteligente. Que faria alguma coisa que desse dinheiro. Mas, você resolveu ser professora? - realmente  até eu esperava mais de mim, porém, não por essa linha de pensamento. Eu realmente esperava que eu fosse bem mais capaz de dar à mínima para  o que as outras pessoas pensavam, e certamente dava um valor sentimental maior às decepções causadas pelas pessoas que supostamente deveriam te apoiar e por para cima.

                Sempre fui complicada, incompreendida e socialmente estranha. Todos sempre me admiraram por minha inteligência e capacidade, esforço e seriedade na área estudantil, meus colegas de faculdade conseguiam transparecer as pontinhas de insatisfação com meus dons. Sinceramente? Dons? Nunca me creditei algo positivo de maneira a elevar minha moral, ou estima social, não me esforço para ser o que sou, e se pareço inteligente, ou capaz, realmente não me esforço para isso. Antes que achem que sou uma exibida, devo confessar  que não me considero inteligente ou esforçada, na verdade tudo é muito pesaroso pra mim, carrego o peso da vida a cada inspiração e expiração. Sou uma grande preguiçosa, infantil e teimosa, e além de tantos outros defeitos de uma forma ou outra acabo aparentando algo totalmente diferente, que olhos são esses que olham além do que sou? Ou que olhos são os meus que  me autodeformam?



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