domingo, 20 de setembro de 2009

Meu Jeito ao Tempo Pertence

Completamente alérgica, asmática, chiam meus brônquios, sem parar. Meu pensamento distrai meu corpo novamente a ponto de ignorar a sensação física pertubadora.

Rogo a Deus sua presença, do meu jeito, esse jeito que tem sido rigorosamente cumprido minha vida toda. Não aprendi nada, as coisas não são do meu jeito, mas eu não poderia ser mais teimosa ou autêntica se as coisas não fossem do meu jeito.

Minhas visões fundem-se, passado e presente discordam entre seus pontos de vista e ainda assim são meus, ou foram.

Diante da complexidade temporal do momento e das formas que encaramos esses momentos, posso dizer que até hoje, até a minha mais recente ação nada me pertence e nada foi do meu jeito.

A essência é uma matéria mórfica meus vários não-eus que vagam na linha temporal da vida. Ainda teimo em fazer as coisas do meu jeito é o único jeito que ninguém pode modificar a não ser eu mesma e o tempo.

Meu jeito ao tempo pertence.

O jeito do tempo governa a vida. Mas minha teimosia predomina por mais vã que pareça.
Desconcentrada, nervosa, pertubada; A vontade da solidão me consome exigindo cada vez mais de mim. "O eu e o nada do meu jeito". As pessoas me parecem tediosas, insuficientes para o meu insuficiente e insignificante ego. A imperfeição da solidão me pertence. Eu me pertenço por ser imperfeita, e até isso o tempo poderá me tirar.

Diante da vulnerabilidade e incerteza de ser do meu jeito, talvez, o jeito que Deus criou, ou que o irônico Universo precipitou-se como a uma piada que ninguém ri em minha criação.

Diz isso o meu ser que a um pouco tempo atrás, poderia ter certeza de tudo, que tudo tinha que ser como é, que havia uma razão que nocautiava o acaso para sua não existência.

Eu era feliz, fazia minhas escolhas e abraçava as consequências como se fosse vontade divina, ou como se ainda tivesse conhecimento sobre algum mistério da vida.

Eu era feliz, eu era saudável, comunicativa, saideira, divertida e vivia as mais diversas experiências analisando cada situação e pessoa com o intuito ingênuo de ajudar. Como se o Universo cooperasse e eu fosse um discípulo de algo maior como Deus, propagando a justiça, a bondade, e o que é certo, mesmo que eu caminhasse por vales escuros, tentadores, luxuosos, atrativos mas ainda assim escuros, de repente eu estava a combater o mal como uma missionária ou algo assim. Conheci a malicía do mundo, logo, os fogos de artifício cessaram, então pude entender alguns pensadores: suas dores e o meu caminho do tédio ao fantástico transformou-se no inferno e quase tudo em que eu acreditava foi morto, foi inflamado numa ferida fétida chamada privação e censura, com uma ponta de ilusão.

Pude aprender sobre minhas obscessões e inocência, futilidade amada por mim ao extremo agora morta pela sociedade.

Transformei-se em mim novamente e todas as coisas que jurei ter sentido e cravei no peito que teriam sentido pelo contexto e fluxo de pensamento do momento.
Agora só têm sentido no passado a qual pertence, e essa certeza não mais me acalma.

Privação e censura agora sou sua serva, por amor a família por falta de amor a mim própria, do meu jeito, afundo, afundo....

E penso, todo homem é movido por paixões, quais paixões batem no meu peito? O meu amor a humanidade desfalece e aos poucos desfaleço, junto ao meu complexo de inferioridade.

Estou triste, mas não o suficiente, desapontada e inerme.

Inerme alma minha, presa a esse corpo que apodrece, aos dentes e ouvidos, mal puxo o ar frio pelos pulmões. Continuo a Dramática e teimosa pessoa que tem que se levantar cedo para trabalhar, procurando algum sentido para ir trabalhar se ainda tem amor suficiente para prosseguir. Os homens ferem a cada esquina a cada calçada. E eu já não tenho mais o coração e a pureza que costumava ter. Mas também não tenho o necessário para viver no piloto automático, nesse mundo frio, sem sentido em que vivo. Temo que o Amor já não seja o suficiente.

Não que eu seja diferente das outras pessoas que conseguem viver em piloto automático, mas sou mais imperfeita que elas a ponto de não conseguir viver como elas.

Não sei mais quanto tempo devo aguentar, ninguém deve se sentir culpado por isso.

Simplesmente não há motivação, e nada pode mudar o meu jeito e a não motivação dos homens em mudar isso.

Como se tivesse uma agulha em um palheiro eu fosse mais um pouco de palha. E a agulha se quer existe, quem dirá a palha. Vivemos nesse celeiro chamado vida, que pertence a Deus e que As Forças do Universo podem incendiar a qualquer momento.

As vezes eu sinto coisas que não deveria sentir e que são intensificadas. Tenho certas ligações a pessoas que não sei explicar o porque, pessoas más, pessoas perdidas, por isso más.

Não entendo a minha relação com elas, não entendo porque atraio certo tipo de pessoas, eu não entendo muita coisa.

Tenho uma parcela de esperança, mas também tenho dores no peito e dores na alma e já não sei mais qual tem mais força. Apenas doem os meus pulmões. Meus gritos por ajuda, mudos, permaneceram ignorados. Tudo oque é dito em voz alta torna-se inaudível como sempre, meu peito atordoado sofre. Invisível a mim mesma. As coisas já não são do meu jeito por que do meu jeito nunca existiu e já não existe mais.

Sou só um câncer que se alastra em um organismo, mais uma bala que perfura a carne, uma lágrima que rola de um rosto. Invisível a mim mesma e talvez para Deus e as Forças do universo. Tinha, tenho esperanças que alguém me visse e ouvisse, talvez seja isso que me mova.

Tenho que preparar alguns sorrisos para amanhã, acordar de madrugada e respirar forçado. Talvez a serenidade das crianças me tragam melhoras, mas temo os demônios dos Anciões.

Os demônios me prendem em meu cubículo e eu já não sou mais feliz.



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